Uma imagem do gabinete do Coronel Lucio Flávio. Guerra? Ele quer mais é carimbar papéis.
Já contestado por muitos há tempos, o Coronel Lucio Flavio é de fato um bom homem, de bom coração, enfim, uma pessoa de bem. Seu grande problema parece residir no fato de ele ser apaixonado pelos códigos militares, por todos os pequenos detalhes de conduta na vida da caserna. Assim, quando ele tem de liberar suprimentos para um ataque, ele faz questão de preencher pessoalmente a ficha branca, a amarela, a verde e a azul, de tirar cópia de tudo, protocolar nos arquivos da divisão, tudo devidamente carimbado e assinado. Dessa forma, quando o despacho é finalmente aprovado e enviado, muitas vezes já é tarde demais e o envio acaba sendo inútil. E para piorar, segundo alguns, em momentos de grande tensão nas batalhas mais encarniçadas, ele sofre com ataques de pânico, fugindo dos combates, se escondendo em sua barraca de campanha, onde fica debaixo da cama lendo a “Circular Normativa IV”, documento que ensina aos oficiais como lidar com a papelada.
O Coronel Lucio Flavio é em última instância um burocrata, não um soldado talhado para tão importante função. Seria mais útil ao exército fora dos combates, como porta voz, ou então rebaixado de posto, talvez apenas como um ajudante de ordens de um coronel de fato qualificado.
Já o Marechal Nei Franco... o comandante máximo das forças republicanas chegou ao país quando atravessávamos um período complicado. Após a crise que levou à deserção do incompetente Cuca e o breve período de transição sob o comando do asno Geninho, que foi mandado ao paredão pelo povo glorioso, o cenário não era nada bom. Escassez de pontos, cupons de racionamento, um exército em crise e desacreditado...
Cenário que para feliz surpresa do povo glorioso, mudou rapidamente. Usando algumas novas técnicas de comando e organização, o Marechal Nei Franco conseguiu em pouco tempo fazer o exército glorioso voltar a ser respeitado e mostrar que tinha força. Foram muitas e importantes vitórias seguidas, numa ofensiva impressionante que levou a República do Botafogo ao grupo de países líderes.
Mas de uma hora para outra, isso parece ter ruído. Talvez contaminado pelo espírito burocrata de seu principal oficial, o Marechal Nei Franco começou a meter os pés pelas mãos. Erros crassos e infantis foram sendo cometidos, um após o outro, seguidas e seguidas vezes, custando vitórias ao exército e preocupando o povo glorioso. Acompanhados desses erros, sempre um discurso demasiado megalomaníaco e desconectado da realidade.
A gota d’água foi o lançamento do Programa Glorioso Para a Erradicação da Fome e da Pobreza. Apesar de ter sido lançado oficialmente com pompa e circunstância contra os tugas, suas bases já estavam sendo preparadas desde a batalha contra os bacalhaus. E desde aquela batalha, o filme é exatamente o mesmo: o exército glorioso enfrenta um exército mais fraco, de um país miserável. Começa em vantagem, mas por algum motivo não mantém o ímpeto ofensivo e ao final, acaba desistindo da vitória e ajudando o inimigo.
Será essa a verdadeira aparência do Marechal Nei Franco?
Mas fazer isso contra os coloridos, ah isso foi inaceitável. O Reino de Laranjal, que sempre fez questão de se dizer riquíssimo, nosso inimigo mais antigo, um país que representa toda uma ideologia racista e arcaica, contrária a todos os valores do botafoguismo...ajudá-los foi um crime para os republicanos.
Assim como contra os bacalhaus, contra os capibas, os tugas, o auxílio humanitário aos coloridos teve a assinatura decisiva do marechal glorioso e de suas decisões equivocadas.
Parece que chegamos à dolorida conclusão que o Marechal Nei Franco não passa de um enorme cavalo de Tróia, enviado à República para nos encher de esperança e depois destruí-las da pior maneira possível.
O que resta ao povo glorioso? Resta esperar que alguns poucos soldados valorosos consigam superar todas as dificuldades criadas pelo comandantes militares e ainda dar um pouco de alegria ao país. Resta esperar que o próximo governo seja mais sério que o atual, que enxergue as necessidades do exército e principalmente, do povo.
Esperar, esperar, esperar... essa parece ser a sofrida sina do cidadão glorioso nesses tempos.